terça-feira, 27 de setembro de 2011

Grávidez na Adolecência


Eu não disse? Quem te fez isso? Eu avisei! E agora, como vai ser?
Essas são as expressões que triscam a língua dos pais quando o assunto é gravidez na adolecência. A futura mãe seria irresponsável. O futuro pai, transgressor. E a gestação irrevogavelmente precoce e indesejada. Mitos simplesmente.

Para começar, quem engravida não é a moça, mas o casal. E embora precoce, a gravidez não é necessariamente indesejada: muitas são as garotas interresadas em "segurar" seu namorado ou de rapazes a fim de "consolidar" sua virilidade.

Enquanto isso, ansiamos por filhas castas e filhos "garanhões", apresentamos a gravidez como um fardo, e silenciamos diálogos sobre a sexualidade por medo de conhecerem a nossa! É preciso perguntar: por que insistimos em forma sexista, pejorativo e repressiva com a gravidez na adolecência? O prazer feminino, a responsabilidade masculina e a sublime experiência da gestação são colocadas para debaixo tapete como algo a ser discutido e vivido apenas no futuro. Impedimos que as moças e rapazes tenham a informação e conhecimento no momento em que mais são impelidos a experimentar o mundo e precisam decidir "como" e "se vão" faze-lô.

Saibamos então que a escola cabe "apenas" o ensino. Professores da área com Artes, Educação Física e Ciências são responsáveis pelo entendimento do corpo,manisfestos em mudanças biológicas, psicológicas e socias. Eles ensinam que a 100 anos era comum e aceitável que meninas se casassem aos 13, e aos 14 estivessem grávidas, mas também precocidade daquele hábito impunha riscos a saúde da mãe e dos bebês. Ou seja, o trabalho escolar independente dos valores familiares, já que na escola os/as jovens devem viver uma cultura plural, onde há enfrentamento ético sim, mas nunca normativas morais.

 E se os valores individuais podem ser revelados na escola, é importante que o jovem sinta-se dono deles. Comportamentos e normas de conduta de uma determinada família, devem ser alvos de diálogo e negociação em casa. O adolescente precisa compreender-se membro da família, sentir-se aceito e amparado, esforço sem o qual jamais compartilhará seus valores ou sentir-se-á à vontade para debate-los. Uma família que dialoga apenas mediante "problemas" não educa, apenas adestra.

A questão da gravidez na adolescência depende dessa parceria entre família e escola. O fato nunca deve ser motivo de repreensão na família ou se tornar "mau exemplo" na escola. Estudantes gestantes estão sob tensão emocional e quando a escola os coloca em evidência ou a família os expulsa, potencializam-se os biológicos e psicológicos da gestação. Em casa jovens e pais enfrentam a falta de experiência e maturidade , de forma que somente o apoio social e a participação ativa da família e amigos o tornarão mais capazes.

Na escola, motivação interesse e disposição física para aprendizagem são desconstruídos . Se desejamos filhos responsáveis, que sabem se cuidar e sentem-se á vontade para negociar conosco as decisões da suas vidas, precisaremos estabelecer novos e diversos canais de diálogos. Assistir a um filme dividindo a pipoca com os filhos é pouco. Será preciso dividir também as impressões e interpretações a respeito, trocando o conhecimento e consolidando confiança entre as partes. Mas é claro que o silêncio também é uma opção. O problema é que ele pode acabar "dizendo" aquilo que não queremos.  

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